29 de jan. de 2009

A fábrica da morte



MITTELWERK conforme alguns afirmam, era a maior fábrica subterrânea do mundo. Localizada nas montanhas Harz, na Alemanha, a cerca de 260 quilômetros ao sudoeste de Berlim, a fábrica ocupava 20 quilômetros de enormes galerias embaixo de uma montanha. De 1943 a 1945, milhares de prisioneiros de campos de concentração trabalharam em regime de escravidão nessas galerias. Sob terríveis condições, eles eram forçados a produzir armamentos para o Estado nazista.
O que esses prisioneiros fabricavam não eram armamentos comuns. A fábrica produzia mísseis V-1 e V-2. Estes eram transportados de Mittelwerk para bases de lançamento, especialmente na França e na Holanda. Uma vez lançados, esses foguetes não-tripulados voavam em direção aos alvos na Bélgica, na França e na Grã-Bretanha, onde explodiam com o impacto. Os nazistas esperavam desenvolver um foguete tão potente que pudesse cruzar o oceano Atlântico e lançar uma bomba em Nova York. No fim da Segunda Guerra Mundial, centenas de mísseis V-1 e V-2 haviam atingido cidades européias. No entanto, representavam apenas uma fração de todos os mísseis que os nazistas haviam fabricado e esperavam usar contra seus inimigos. Nenhum míssil
jamais atingiu Nova York.
Quando a guerra terminou, dezenas de cientistas e técnicos alemães, que haviam projetado os mísseis V-1 e V-2, deixaram a Alemanha. Levaram consigo a tecnologia na fabricação de mísseis, que colocaram em prática em seu novo lar. Um desses cientistas de foguetes era Wernher von Braun. Ele se mudou para os Estados Unidos, onde ajudou a desenvolver o foguete Saturno, que levou o homem à lua.
Hoje, bem ao lado da antiga fábrica Mittelwerk, há um monumento do campo de concentração em lembrança das 60 mil pessoas que estiveram presas ali. Muitos prisioneiros não apenas trabalhavam nas galerias frias e úmidas, mas também moravam ali. Não surpreende que, segundo algumas estimativas, quase 20 mil prisioneiros tenham morrido. Quem visita o museu memorial pode conhecer as galerias, onde ainda é possível ver peças de foguetes espalhadas pelo chão, abandonadas ali há quase 60 anos. A revista After the Battle atribui aos mísseis de Mittelwerk uma característica lamentável que os distingue: "Os V-1 e V-2 são as únicas armas que custaram mais vidas na sua produção do que no uso."

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