5 de mar. de 2009

Os genes, o DNA e você

DÊ UMA boa olhada no espelho. Note a cor de seus olhos, a textura de seu cabelo, o tom de sua pele e a forma de seu corpo. Pense nos talentos que você possui. Por que a sua aparência é essa? Por que você tem esses traços e talentos específicos? Hoje esse mistério está sendo esclarecido pelo entendimento da genética — o estudo da hereditariedade — e dos efeitos do meio ambiente.
‘Genética?’, você talvez lamente. ‘Isso parece coisa muito científica e muito difícil de entender!’ No entanto, já disse a alguém: ‘Você tem os olhos verdes de seu pai e os cabelos ruivos e as sardas de sua mãe?’ Em caso positivo, você já conhece um fato básico da genética: os traços físicos passam de pais para filhos. Além disso, esse fato pode ser o começo decisivo para entender como o homem veio a existir: por evolução, ou por criação. Para começar, vejamos como cada um de nós carrega a herança de muitas gerações.
Seu corpo compõe-se de minúsculas unidades vivas chamadas células — cerca de 100 trilhões delas, segundo uma estimativa. Dentro de cada célula, no interior do núcleo, há milhares de genes. Estes são caracteres de hereditariedade que controlam a célula e, com isso, determinam algumas das características da pessoa. Muitos genes podem determinar seu tipo sanguíneo; outros, a textura do cabelo, a cor dos olhos, e assim por diante. Assim, em cada célula há uma planta, ou código, em miniatura, composto de genes, com todas as instruções necessárias para construir, restaurar e fazer funcionar o organismo. (Veja o diagrama, página 5.) Poderia tudo isso ter ocorrido por acaso?
Como o mistério foi desvendado
A teoria de que os traços da pessoa são herdados através do sangue foi enunciada por Aristóteles, no quarto século AEC, e teve aceitação geral por mais de mil anos. Isso influiu tanto no conceito da época que até hoje, em muitas línguas, fala-se em "parentes de sangue".
No século 17 foram descobertos os óvulos e os espermatozóides, mas sua função real não foi entendida. Alguns pensavam que o óvulo, ou o espermatozóide, abrigavam criaturas minúsculas já plenamente formadas. No século 18, porém, os pesquisadores aprenderam que um óvulo e um espermatozóide se combinam para formar um embrião. Mas a explicação correta da hereditariedade ainda estava por vir.
Foi só em 1866 que o monge austríaco Gregor Mendel publicou a primeira teoria correta a respeito da hereditariedade. Nas suas experiências com ervilhas, Mendel descobriu o que chamou de "unidades básicas da hereditariedade", ocultas nas células sexuais, e afirmou que estas eram responsáveis pela transmissão de traços, ou características. Essas "unidades básicas da hereditariedade" chamamos hoje de genes.
Por volta de 1910, descobriu-se que os genes se alojam em estruturas celulares chamadas cromossomos. Estes se constituem primariamente de proteínas e de DNA (ácido desoxirribonucléico). Já conhecendo o importante papel das proteínas em outras funções celulares, os cientistas por muitos anos achavam que as proteínas cromossômicas portavam informações genéticas. Daí, em 1944, os pesquisadores apresentaram a primeira prova de que os genes consistem em DNA, não em proteínas.
Em 1953, quando James Watson e Francis Crick descobriram a estrutura química do DNA, composta de moléculas que parecem cordas em espiral, os humanos deram um grande passo à frente na solução dos mistérios da vida.

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