23 de jan. de 2009

Repelente para macacos



NAS florestas pluviais da Venezuela mora o caiarara, macaco capuchinho que se destaca pela mancha piriforme na cabeça. Na estação das chuvas, nuvens de mosquitos implacáveis invadem o habitat desse primata muito inteligente. Além de incomodarem, são perigosos. Costumam ser portadores dos ovos de um parasita, a mosca-do-berne, que, uma vez depositados sob a pele do macaco, causam cistos purulentos que o debilitam.
Pelo que tudo indica, para se proteger desses agressores o caiarara passa no corpo um repelente natural e possante — a secreção de um tipo de lacraia (centopéia) das selvas. Ela segrega duas substâncias muito eficazes contra os insetos — mais possantes do que repelentes fabricados pelo homem para uso militar.
Na estação das chuvas, o caiarara fuça nos troncos das árvores ou nos cupinzeiros à procura desse tipo de centopéia de dez centímetros. Assim que a encontra, ele a esfrega em todo o corpo — da cabeça aos pés. A "secreção é tão requisitada pelos caiararas que às vezes quatro deles dividem entre si uma única centopéia", diz a publicação Journal of Chemical Ecology. E nessa hora ninguém se preocupa com a ordem das bicadas, como é costumeiro na hora de comer e em outras ocasiões — ela é deixada de lado pois eles querem logo fazer a massagem com a centopéia.

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